25 de Abril de 1974, sai de casa pelas 8.00h horas da manhã, onde morava na zona da Estrela, passei o Largo do Rato, subi a Av. Fontes Pereira de Melo, a ai deparei com aparato militar junto ao Serviço de Fronteiras, não dei muita importância e fui até Alvalade onde tinha o meu emprego e era sempre muito pontual.. Ao se aproximar as 9 horas começaram os colegas a aparecer os colegas e as novidades, íamos sabendo o que se ia passando, e volvidos alguns minutos resolveu-se ir toda a gente para casa, pois havia uma Revolução., agarrado ao rádio tentava-se saber todos os pormenores, as indefinições e expectativas apertávamos o coração.
Dei uma volta pelas zonas da baixa, onde era possível passar com o carro, Rossio, praça do Comercio chiado, seguindo para casa.
Fui a casa tinha um a filha com cerca de 1 ano, sabia o que era a opressão, imaginava o que dali podia surgir, liberdade ou mais opressão, estava confiante, viemos para a rua, curiosos ansiosos, com a esperança da mudança de um estado podre e caquéctico, ansiávamos expectantes pela Liberdade.
Do movimento ruas era muito e fomos para casa, agarrados ao ecran da TV e do rádio em simultâneo, a ansiedade era muita, aguardava-se cada noticias, que não chegavam, cada desenvolvimento, noticia pequena que fosse a esperança nascia num povo.
O dia 25 de Abril de 1974, foi um dia de angustia, de receios de sentimentos confusos de inquietação, a rádio que nada dava a não ser musica e todos á espera de noticias de ultima hora, o que se passa, o que estará a acontecer, pois a confusão e o silencio era muito, esse não foi o mais bonito dia de liberdade. Foi sim uma mistura de dor e esperança, para terminar em alegria. O 25 de Abril era de todos para todos. Viva-se a Liberdade
O dia 26 de Abril já acordamos cm outro alivio, com outra disposição , corríamos para o trabalho afim de sabermos as novidades, a vivência de cada um , os momentos decorridos, devora-se os jornais.
Hoje e á 33 anos, depois da escuridão fez-se Sol, esperança acreditou-se num futuro melhor , dia descontraido depois da tempestada vinha a bonança
Para mim o dia mais bonito de Liberdade, foi sim o 1º de Maio, não havia lutas partidárias, os partidos ou movimentos juntaram-se com o povo, com as forças armadas o estádio 1º de Maio, foi pequeno para tanta e tanta gente. Nesse dia foi para o Barreiro, (a casa de uns familiares) mas não ficamos parados viemos para a rua, festejar o povo desceu á rua (como a canção) sem complexos, sem medos independentemente da ideologia ou partidarismo, era bonito de se ver, manifestações espontâneas., sinceras sem medos com olhos postos no futuro, com a sensação de uma grilheta ter sido arrancada do nosso corpo. A LIBERDADE enfim, tudo graças ao 25 de Abril e ao movimento dos capitães, a ao povo de Lisboa. (sem ele talvez existisse um banho de sangue).
Ao regressar a casa pelo anoitecer as festas e movimentos ainda se sentiam e mexiam em Lisboa o dia do trabalhador era também um dia de união de todas as classes trabalhadoras.
Depois destes 33 anos, muito de bom se passou muitas conquistas foram feitas muitas vitórias ganhas, mas algumas vitórias vão-se transformando em derrotas em nome da estabilidade financeira do estado. O povo começa a ser esquecido, mas não podemos perder a Liberdade, o direito á Saúde, ao trabalho, que sejamos dominados por uma classe de políticos, de gestores, empresários e outras iminências pardas (muitos deles onde estavam no 25 de Abril, acomodados ou incomodados), A vida é feita de altos e baixos de bons e maus momentos, que e, principalmente a nova geração, não se deve iludir pelo capitalismo e vida fácil, pela demagogia e perversão dos direitos conquistados. A vigilância tem de ser permanente e contínua
Sem comentários:
Enviar um comentário