2015-09-14

Colher liberdade

Desembocando no largo de faustoso edifício
Um pequeno exército de gente esfarrapada,
Amontoa-se e morrem, sem um único alento
Pavimento escorregadio de orvalho e sangue

Imponentes portas de ferro barram a entrada
Olhares perscrutadores sobre o que os rodeia
Corpos pequenos e flácidos ao colo da mãe
Procuram refúgio na mascara de um sorriso

Povo esbarra numa liberdade que é aparente
Atingidos por uma tempestade de palavreado
Um alçapão de mentiras, enganos e crueldade
Poderosos desprovidos de consciência e moral,

Ao alvorecer do dia surge a esperança na roda da vida
Memórias de homens justos e bons mantem-nos firmes
Como rosas crescem e florescem em ramos de espinhos
Opressão e dor fortalecem a vontade de colher liberdade






2015-09-05

Montanha de vida

Subindo á montanha entre penhascos agrestes,
Ventos fustigam a visão de bons e maus caminhos  
Deixado para trás, a cacofonia do trânsito da cidade
Expiremos antes de escutar por momentos, o silêncio

Surge um clarão ondulante de luz, sombra e chuva
Ventos fortes num zunzum de vozes murmuradas
Somos um rosto esbatido entre a multidão do nada
Fragmentos de tempos passados nos sobressaltam

Sobre pedregulho rochoso depara-se o abismo
A imprevisibilidade do momento define o sentido
Palavras lembradas galvanizam-se para a acção
Inevitabilidade de vida e morte está á nossa frente

Enroscado em diversas camadas de sentimentos
Vida carcomida pelo tempo numa agitada confusão
Contra os obstáculos flor brota em ambiente agreste
É vital enfrentar os medos, infortúnios e frustrações

Circunstâncias apresentam cansaço e dor inconsolável
Permanece no ar vestígios de perfume, que é mistério
Laivos de culpa e arrependimento na condição humana
Num mundo cheio de carências de paz e solidariedade





2015-09-02

Um dia na praia

Imenso mar de areias finas e escaldantes
Ondas pejadas de pedras finas e brilhantes
Brisa acalenta corpos pejados de mágoas
Num lazer que se torna arte viva esculpida

Praia paradisíaca com águas cristalinas
Fragmentos de azul e verde se estendem
Contemplando o cintilante brilho das ondas
Num reflexo de luz aprazível e relaxante

Descoberta harmoniosa de cor, luz e som
Calmaria das ondas em recortes brilhantes
Corpos estendidos em posições de volúpia
Calam-se as palavras, jorram os silêncios

Maresia como perfume embrenhado
Ondas que avançam e recuam no areal
Balancear de sonhos fantasia e realidade
Destroços de naufrágio no meio da solidão

Praia quase deserta ao entardecer do dia
Pesados agora os objectos transportados
Sombras disformes reflectem-se no chão
Respiração ofegante num espirito aliviado