2012-12-03

O Zoo em que vivemos


Zoológico apinhado de leões e serpentes
Junto a um rio onde morava a esperança
Cada dia é feito de luta entre vida e morte
Casarios de janelas fechadas com grades

Pequenos roedores são muito perigosos
Espalham o vírus da crise e da desgraça
Instalados nos cadeirões aconchegados
Não sabem o que é fome nem desalojado

Cavalos de escola troteiam no recinto
Incompetência e falsidade infestam o ar
Alcateia de lobos devora o Zé indefeso
Jovens pássaros voam para outro lugar

Aqui e nas feiras surge uma ovelha negra
De mansinho, ilude e engana, tal ilusionista
O salão aplaude e vidas são desmanteladas
Impostos evadem os lares tal fúria terrorista

Pelos jardins do palácio vagueiam jaguares
Status de relvas arruína empresas e pessoas
Abutres, corujas, falcões e pavões pavoneiam-se
Os cidadãos batem portas em sinal de protesto

No aquário cardume de piranhas saciam-se
Idosos que não podem fugir são devorados
Crocodilos ao sol aguardam a sua reforma
Quem nesta vida está tramado é o mexilhão