Zoológico
apinhado de leões e serpentes
Junto a um rio
onde morava a esperança
Cada dia é feito
de luta entre vida e morte
Casarios de janelas fechadas
com grades
Pequenos roedores são muito
perigosos
Espalham o vírus da crise e
da desgraça
Instalados nos cadeirões
aconchegados
Não sabem o que é fome nem
desalojado
Cavalos
de escola troteiam no recinto
Incompetência e
falsidade infestam o ar
Alcateia de lobos devora o Zé
indefeso
Jovens pássaros voam para
outro lugar
Aqui e nas feiras
surge uma ovelha negra
De mansinho, ilude
e engana, tal ilusionista
O salão aplaude e
vidas são desmanteladas
Impostos evadem
os lares tal fúria terrorista
Pelos jardins do palácio vagueiam jaguares
Status de relvas arruína empresas e pessoas
Abutres, corujas, falcões e pavões
pavoneiam-se
Os cidadãos batem
portas em sinal de protesto
No aquário cardume
de piranhas saciam-se
Idosos que não podem fugir são
devorados
Crocodilos ao sol aguardam a
sua reforma
Quem nesta vida está
tramado é o mexilhão