2007-06-09

Mãe, sempre lembrada

Hoje era o aniversário da minha mãe, faria 83 anos de idade, faleceu á 10 anos.
Fui ao cemitério onde se encontram os seus restos mortais, e depois de depositar um pequeno ramo de flores, lembrei-me como uma singela homenagem de vos contar uma pequena historia.
Oficialmente a minha mãe tinha como data de nascimento 24.06.1924, mas na verdade ela celebrava os anos a 9 de Junho, e porquê?. Para a minha mãe era dia de festa, de alegria os aniversários dela, do marido e dos filhos eram as datas importantes as que se deviam verdadeiramente comemorar, com isto não quer dizer que se despreza-se as outras, pelo contrário, como era uma pessoa feliz, alegre, bem disposta, sempre pronta para a festas, gostava de brincar, dançar, cantar ( e como cantava bem o fado, e fazia quadras soltas.
Noutros tempos a pobreza era maior que agora, a repressão dominava., a maioria das pessoas tinham os filhos em casa, o que aconteceu com a minha mãe, alfacinha de gema, nascida no bairro da Lapa na Rua Ribeiro Sanches (actualmente parte da freguesia dos Prazeres e da freguesia de Santos o Velho).
Então a minha avó já tinha um rapaz e uma rapariga a quando do nascimento da minha mãe, no dia 9 de Junho, não sabiam se era menino ou menina (naqueles tempos não havia ecografias, nem epidorais ou mesmo maternidades era um luxo, não para todos), uma coisa era certa, já tinham o padrinho escolhido para a criança, assim como a madrinha, ora o padrinho de tão formosa garota, era um senhor embarcado, e que se encontrava em viagem, pelo que se tinha de esperar pelo seu regresso, estava palavra dada pelo meu avô, aquele seria o padrinho da sua filha. Como a sua chegada foi mais atrasada do que se previa, criou-se um problema, se bem que de fácil solução, foi quando da chegada do padrinho, mais tarde do que se previa, a criança mantinha-se sem ser registada pelo que na altura propicia e com todos os intervenientes presentes, foi-se á conservatória registar a recém nascida, como já se tinha passado o tempo limite de obrigatoriedade, (o que implicava pagar uma multa pesada (para aqueles tempos em que não se tinha nada), a esperteza á portuguesa foi dar a data de nascimento errada. Solução resolvida.
Assim no registo da pequena Georgete o dia de nascimento foi indicado o de 24 de Junho
Quando a necessidade aperta e as leis em vez de claras e simples, de favorecer e proteger o cidadão, muitas das vezes, ontem como hoje, complicam e cobram taxas, impostos, multas, coimas, o que se quiser chamar.
A lei da repressão não resolve os problemas, agrava-os para quem pouco, e que no fundo a eles são destinados.
Com esta história, com leis e multas, sempre foi cumprida a lei da natureza e não a dos homens. O aniversário da Georgete da Silva era a 9 de Junho. Eu não esqueço. Paz á sua alma.

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