Nos anos 50 e 60 e , ouvia-se por quase toda a Lisboa os pregões, muitos vinham ao sabor das estações no Outono / Inverno, outros nas épocas de Primavera /Verão. Era tempos de alegria para a pequenada, e consola para as donas de casa,
Ninguém se incomodava com a poluição sonora, como os produtos mal embalados, com questões de higiene suprema, (mas parece que os produtos eram mais frescos, tinham mais sabor, as frutas sabiam a fruta, o peixe a peixe,) não havia congelados, o frigorifico eram um luxo para muitos. E o acordar da manhã tinha mais cor e alegria, havia movimento cantado das bocas dos pregoeiros.
Lisboa de outras eras, sou nascido e criado em Lisboa, vivia na zona da Lapa, a escola primária que frequentei era a nº 11 na rua das Trinas na Madragoa, e sempre vivi até ao cumprir o serviço militar em Luanda- Angola, depois vim novamente para esta cidade que amo.
Como recordo dos sons desta bonita capital, agora é só carros e mais carros e buzinadelas.
Apresento os pregões, falta o tom e os sons, mas para quem se recorda é facil a entoação, os outrso ficam com a imaginação. Estes são os que me lembro, outros terá havido e nos tempos mais antigos outros mais, no tempo de hoje praticamente se perderam.(um ou outro existe mas não tem o sabor de outros tempos, é como a fruta)
Pregões de Lisboa que o tempo levou, Lisboa antiga de outras eras, que os tempos modernos trucidou.
· As varinas com a sua canasta á cabeça, e com os seus pregões matinais contagiantes
Oh viva da costa.
Olha a sardinha, é vivinha da costa.
Há carapau e sardinha linda.
Há Carapau fresquinho, olha o carapau para o gato.
Ó freguesa desça a baixo.
Ó freguesa leve um quarteirão, é fresquinha a minha sardinha.
Tenho Chicharro lindo, carapau, pescada fina.
· As mulheres com um grande panelão á cabeça, enrolado entre papéis de jornais e serapilheira vinha apregoar
Fava rica, que quer almoçar.
· Outras mulheres de cesta de verga á cabeça vinha ao meio da tarde a anunciar
Quer figos quem quer merendar,…. olha o figo madurinho.
Olha o figo da capa- rôta.
· E ainda outras com os cestos bem acondicionados, trapos e jornais anunciavam
Olha o marmelo cozido.
Pêra parda cozida, é da rocha.
· Lá vinha o homem pelo meio da manhã vender para as casas mais finas (naquele tempo era um luxo para alguns) carregado em cada mão com um cento de eras e morangos.
Olha o morango….é de Sintra.
Cabaz com morangos.
· O homem da fruta com a sua carroça e burro, a apregoar
Olha a laranja é da baía.
E outras frutas ditas pobres eram indicadas consoante a época e a grande quantidade.
· A vendedeira de hortaliça que tinha um macho que puxava a carroça toda enfeitada e que por vezes aplicava o seu brejeirismo
Olha o feijão carrapato, há alface, há repolho.
Oh freguesa veja os meus tomates .
Oh madama, hoje não vai nada meu
Olha a boa couve lombarda, é para o bacalhau, e também tenho alhos .
· O sorveteiro com o seu triciclo transformado ora tocando a campainha ora apregoando
Olha o gelado, fruta oh chocolate, há baunilha .
Olha o rajá fresquinho.
Olha o cone sorvete
· O amolador com o seu carro todo em madeira, com uma grande roda e pedal que servia para mover o pedra e para ao sua “ maquina” rodar, com uma roda de pedra já gasta, o homem de um modo geral galego, com boina de lado e tocando a sua flauta de beiços de som caracteristico
Amola facas navalhas e tesouras.
Cá está o amolador, concerto guarda chuvas.
· Lá vinha o funileiro com o seu ferro de soldar sempre acesso e caixa de madeira ás costas a apregoar
Tachos panelas e alguidares, olha o funileiro á porta.
· Pela manhã ou pela tarde passava o ferro velho, por vezes co uma cama de ferro ás costas
Está cá o ferro velho .
Quem tem trapos, ou garrafas pra vender.
· Pela manhã ou no final da tarde, o ardina na sua correria e pontaria, dobrava o jornal e mandava para as janelas mais altas dos seus fieis cliente, ou de um ou outro que o solicita-se e não falhava a pontaria
Olha o Século, olha o Diário de Noticias .
Olha a Capital, Republica ó Popular.
Diário de Lisboa, olha o Popular, trás o desastre.
· E o cauteleiro, já cansado com o seu boné de chapa identificadora reluzente
Olha a sorte grande, amanhã anda a roda.
Só sai a quem joga, olha a sorte grande.
· O petrolino, era um apressoa forte e sizuda que utilizava uma carroça, com o seu macho inponente ,muito carregada de diversa mercadoria toda bem acondicionada ao seu jeito, onde se encontrava quase todo mas, em especial:
Petroleo, azeite, lexivia, vassoras, pás, piassabas, palha de aço para a loiça, sabão azul e branco, utensilios de cozinha,e outros produtos,Tocava a sua corneta sempre que dizia.
Cá está o petrolino,
Outros pregões, outras situações serão apresentadas.
E agora anuncio eu BOM FIM DE SEMANA
Pregões prestes a desaparecer.
ResponderEliminarbjgrande e bom fim de semana
mudam-se os tempos....
ResponderEliminarcp's
bom fim de semana!
Que saudade...viajei no tempo...belo texto...
ResponderEliminarDoce beijo
Pelo que entendi, falas de uma feira livre...
ResponderEliminarbeijos
Ainda me lembro dos aguadeiros com as suas bilhas envoltas em heras, a vender púcaros de água pela rua. E a "Faneca da linha!" (que tanto tempo julguei ser faneca e galinha...). Grata pelas recordações. Abraços.
ResponderEliminarEspectacular. Adorei.
ResponderEliminarBOM FIM DE SEMANA...
ResponderEliminarLindos e típicos, estes pregões....
ResponderEliminarAbraço
Excelente e BOM FIM DE SEMANA !!!
ResponderEliminarLindo este teu relembrar "linguarejares" perdidos conjuntamente com muitos dos ofícios ou actividades a eles ligados. Agora na era do Hipermercado o pregão chega na caixa de correio camuflado de folheto....
ResponderEliminarBeijinhos
BF
Reviver tempos idos.
ResponderEliminarLembro-me de alguns.
Tenho ainda na memória quando era miúda, ir ao domingo brincar para o Largo da Ajuda naqueles jardins junto ao Palácio e, adorar quando ouvia o toque de uma corneta seguido do pregão...Ó lingua da sogra!
Eram óptimas, nunca mais comi.
Beijinhos e bom fim de semana.
Excelente, muito bom, isso é que era dar cor a uma cidade.
ResponderEliminarFelizmente não tinham a ASAE para verificar a qualidade dos produtos e os direitos de autor dos pregões.
De férias agora, espero ter mais tempo para ler e recuperar em parte, os textos que não tive oportunidade de comentar em devido tempo. Fui passando, mas sempre voando.
ResponderEliminarUm abraço
Excelente ideia esta de publicar estes pregões. Alguns ainda tive oportunidade de ouvir quando era pequenito.
ResponderEliminarUm abraço
António
So falta o cantar de voz vibrante, forte e sotaque brejeiro. Seria lindo compilar imagens, dizeres e o cantico correspondente pois muita gente se lembrara duma Lisboa que ja nao e mas foi.
ResponderEliminarObrigado.