2007-09-02

Pregões e profissões antigas de Lisboa ( Parte II )

Com uma enorme serapilheira na cabeça ou com um burrito carregava a palha destinada aos colchões cada um
Palha barata
Palha fina

Os vendedores de castanhas, nos seus carros improvisados com grandes em assadores em barro ou em cima do fogo, fazendo uma fumarada que se via ao longe, e o cheiro tão gostoso nos dias de Inverno.
Castanhas quentinhas
Quentes e boas, quentinhas
Na praia andavam os vendedores com grandes caixas onde continham os tabuleiros e vendiam
Bolinhos quentinhos á a bola de Berlim
Bola de berlim

Pelas ruas com grandes cilindros de chapa lá andaveam a vender
Língua da sogra
Outros com sacos de plástico percorriam a pé toda a praia calcurreandovezes sem fim
Língua da sogra
Olha o torrão de Alicante
Olha a batata frita
As saloias, gentes que vinham dos arredores de Lisboa, a determinados dias da semana vender os seus produtos nos seus cabazes
Queijo saloio
Quem quer azeitonas novas
Hortaliça fresca
Galinheiras com grandes cabazes com uma rede, tal modo que parecia uma vela de barco
Há galinhas e coelhos
Florista
Quem quer flores, flores
O ceguinho a vender
Esticadores para os colarinhos, laminas de barbear, fita elástica
Aguadeiros com a bilha de barro ás costa pela encosta do Monsanto nos dias de verão enquano o povo merendava, á sombra das arvores, ele apregoava
Água fresquinha e pura
Olha o púcaro de água fresca
Os homens a vender bebidas pelas praias ou no campo
Bebida fresquinha
Olha o pirolito ou gasosa

A velhinha á porta do Jardim da Estrela, ou á saída das escolas
Tremoços, amendoins e pevides,
Oh menina compre um o chupa-chupa pró menino
Nos campos de futebol era ver os vendedores ambulantes
Olha o rebuçado, cada cor seu paladar
Olha a bebida fresca
Almofadas quem quer almofadas
Olha o chapéu de sol, é pró sol é pró sol

O barateiro, o homem que tudo vendia meias, elásticos, alfinetes batas e outros artigos eram acrescentados ao role. Este sujeito era um pouco lerdo das ideias e então algum começava a entra com eles e este punha-se
Olha o barateiro
Compre meninas comprem as meias dado baratona, que vai desde o calcanhar…comprem meninas comprem.
O cigano de porta em porta carregados com tecidos, primeiro abordavam as pessoas depois mostravam as peças de fazenda deixadas no vão da escada, aqui era sempre acompanhado de grande ladainha
Oh minha rica senhora ...
Não quer compra tenho fazenda da melhor qualidade, são das melhores fabricas veja, veja, é uma pechincha, e é hoje que preciso de dar de comer aos meus filhinhos ( e a fazenda desfazia-se logo na primeira lavagem)
As lindas hospedeiras, meninas dos aviões, o que se contava, (que pobre não tinha direito a viajar) com vós aflautada
Chá café ou laranjada
Vendedor ambulante, era hábito em certas zonas de Lisboa, principalmente na baixa se ver uns chineses baixinhos vendendo gravatas
Glavata finas senor
O vendedor ambulante que andavam a vender, vassouras, grandes e pequenas, as colheres de pau, as facas para manteiga os martelos e tábuas de partir a carne, e outros utensílios artesanais, como as mantas de trapos
Olha o vassoureiro
Mulher dos fretes, que estava na ribeira a transportar o peixe e outros produtos para os carros e camionetas, ou para o mercado 24 de Julho, cujas peixeiras mais idosas não podiam com as caixas, e lá carregavam com o peixe á cabeça ou com uma gancheta a puxar as caixas de peixe
Quer que frete.

Continuação de anterior 28.08.07

19 comentários:

  1. Que saudades desse tempos, embora nunca tenha vivido numa cidade, lembro-me desse pregões, quando ia ao mercado e andava em Aveiro, onde nasci, vivi pouco tempo, mas frequentava todos os fins de semana.

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  2. Mais um post que li e reli com todo o gosto. Era assim que os aldeães, peixeiras, apanhadores de marisco e outros se faziam anunciar pela manhã quando chegavam aos grandes centros urbanos carregadinhos de produtos frescos e ...baratos. Agora já não se ouvem, os produtos passaram a ser caríssimos e quem os apanha ou cultiva continua a ter pouco luctro.
    Gosto muito dos posts que nos remetem para estes tempos e outros mais antigos.
    Bom domingo.
    Beijinhos

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  3. Gostei do teu post. Viagem ao passado como o meu blogue.
    Beijinho

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  4. Valente....

    Eu como vim da paia apetece-me mesmo dizer :

    - OLha a bolinha de berlim... é fresquinha , é fresquinha.

    (e que boas que eram as bolas de berlim na praia antigamente...hummmmmmm)

    tu tens referenciado e eu ouvi hoje

    Beijinhos
    BF

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  5. Querido amigo.
    Memórias da nossa infância, são sempre agradáveis de recordar. Felizmente que ainda hoje se ouvem alguns dos pregões, o belo assobio do amulador de facas e que ao mesmo tempo conserta guarda-chuvas, das peixeiras, que ainda (poucas) vendem peixe pela rua, e das vendedeiras de limões e alhos.
    Tudo isto em contraste com as buzinadelas estridentes das carrinhas que fazem agora a venda local a local, seja de peixe, seja de pão etc.
    Um beijo enorme.
    E.

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  6. c.valente:
    Voltei aos meus tempos de menina...a bola de berlim na paia e a batata frita e de todos os preg�es... a gaita do amolador amolam-se facas e terouras, gatos em pratos e varetas de guarda chuva...
    Beijos

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  7. E as mulheres que vendiam figos e cantavam
    "quem quer figos quem quer almoçar...
    quem quer figos madurinhos?"
    E os amoladores de facas e tesouras, com o tradicional sopro na gaita de beiços....

    Enfim, uma viagem ao passado...
    Obrigada

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  8. " ...Subtil realça no seu focar
    Destemidas sombras em agitação ..."

    Votos de uma boa semana

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  9. Parabéns. Gostei.
    Recordei a «língua da sogra» e o «pirolito» eheheheheh(risos).

    Olhe para o lado:
    Há sempre alguém que
    Quer ser abraçado e
    Não tem coragem de dizer.
    Enlace-o.
    O pior que pode acontecer
    É ganhar de volta um sorriso de carinho
    Ou quem sabe, uma palavra sincera.
    Você vai descobrir
    Que ninguém está sozinho
    E que a vida pode ser
    Um eterno céu de primavera.

    Uma boa semana
    Na companhia de quem mais te abraça...

    E, eu continuo com o ALFABETO. Está curioso?
    Beijitos, letra B

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  10. Amigo cheguei há pouco de fim de semana passado na aldeia.
    Vim só dar-lhe um olá e amanhã voltarei com mais tempo.
    Beijinhos

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  11. Bolas de Berlim ou a Língua da Sogra ainda se ouve.

    Mais que não seja na praia. :)

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  12. Hermosos recuerdos, te abrazo desde Buenos Aires.
    MentesSueltas

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  13. Muito engraçados estes pregões. Boa ideia!

    abr

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  14. muito bom, sabedoria popular.

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  15. Perderam-se.. no tempo e nas memórias de muitos. Mas que eles davam um ar diferente à capital, lá isso davam
    . Era algo de muito nosso.. ou de outros ,também.Recordei alguns.
    Continua a desfilar outros tempos que a memória de todos agradecerá...

    Bj.

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  16. Bem longe daqui, do outro lado do mar, esta é uma realidade que nunca conheci.
    Mas gostei de saber dos nossos pregões.
    Abraço

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  17. Cá no Brasil é: "Olha a pamonha, quentinha e saborosa. Tem pamonha e tem cural!" "Pão de 1 real, só não leva quem não quer porque barato é." "Ó o picolé! Água com açúcar ninguém quer!"

    Gostei de saber mais um puco.

    Beijos lendários.

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  18. Os pregões estão muito relacionados com a nossa cultura e com as nossas raízes. Tenho pena, não propriamente dos pregões porque os sinais dos tempos impuseram que se afastassem do nosso dia a dia, mas de especificidades que se vão perdendo em nome de uma cultura urbana que só faz sentido para uma minoria. Para a maioria, para os que vivem nos subúrbios e sentem a solidão e o desenraízamento, as suas referências eram importantes na defesa dos seus valores e da cidadania.

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