2011-11-14

Soneto quase inédito

Soneto quase inédito JOSÉ RÉGIO

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

Soneto escrito em 1969. Tão actual em 1969, como hoje...

E depois ainda dizem que a tradição já não é o que era!!!

Nota: Soneto enviado por e-mail por um amigo, e não resisti em publicar

4 comentários:

  1. Régio em registo bem actual, o que mostra que afinal não se mudou assim tanto como teimam em afirmar.
    Abraço do Zé

    ResponderEliminar
  2. Muito oportuna a publicação deste poema.
    Resumindo, tudo como dantes. Ou pior...
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  3. importa ler os nossos clássicos! eles bem avisaram...

    abraço

    ResponderEliminar
  4. Há autores que conheciam bem este povo, que não gosta de mudanças.
    Cumps

    ResponderEliminar