2008-02-27

Zeca Afonso Sempre

Em conversa e por solicitação de um jovem amigo, que pouco conhece de José Afonso, pediu-me alguns elementos e um CD, por isso vos aqui deixo umas pequena notas.
José Afonso ou Zeca Afonso nome vulgarmente conhecido cantor, compositor e poeta. Nasceu em Aveiro a 02 08.1929, sendo baptizado com o nome de José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, tendo falecido em Setúbal a 23.02.1987 aos 57 anos de idade.
Inicia-se em serenatas e canta em festas populares e em particular no fado de Coimbra, onde começou a ser notado a quando estudante em Coimbra, José Afonso ficou ligado em especial à musica de intervenção onde criticava o a governação ea ditadura existente até 1974.
Após o 25 de Abril continua a cantar e participa em diversas acções de canto livre de intervenção politica, até que a doença o começa a vencer.
No ano de 1958, Zeca Afonso grava o seu primeiro disco "Baladas de Coimbra", gravando um pouco mais tarde a, "Os Vampiros", Surgindo em 1974 “ Grândola Vila Morena” e "Venham mais cinco". Em 1974, apresenta "Coro dos tribunais
Entre o as canções anteriormente indicadas, não posso esquecer “Menina dos olhos triste “; “A Morte saiu à rua”; “ Traz outro amigo também” ; “Venham mais cinco”, e muitos outras canções a não perder.
Recomendo visitar:
http://www.geocities.com/vilardemouros1971/joseafonso.htm
http://vejambem.blogspot.com/ Associação José Afonso

E aqui vos deixo a canção que me marcou, entre outras razões, porque estava em Angola a cumprir serviço militar e um amigo enviou-me o disco, que chegou com esta canção toda riscada, impossível de ouvir, Liberdade e democracia, não existia depois consegui receber a letra, e mais tarde, é que consegui obter o disco e ouvir a canção que ainda hoje deixa marcas por ser tão actual.

Vampiros
No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Zeca Afonso Sempre, porque o poeta não morre

20 comentários:

  1. Uma referencia que continua actual, mesmo passados estes anos todos.

    ResponderEliminar
  2. é a canção que tenho a tocar no meu Blog...


    é também a minha preferida ...

    está lá desde Sábado ...


    bjs

    ResponderEliminar
  3. Tenho esperanças que ainda venha a ser incluído nos programas curriculares da nossa escola pública. Se esta, coitada, encontrar forma de subsistir.

    ResponderEliminar
  4. Oie lindinho, como você está? Desculpe a demora, mas essa semana está um pouco complicada...
    Infelizmente não conheço a obra dele. Mas com certeza o poeta fica eternicado em cada verso de seus poemas...
    Beijos

    ResponderEliminar
  5. Muito bem lembrado sim senhor!
    Bem merece todo o nosso respeito e carinho o nosso querido Zeca Afonso. É sem duvida uma grande referência em especial para quem viveu o antes, o durante e o depois da revolução.
    Gostaria de acrescentar um à parte que ilustra bem o pouco apreço que os portugueses dão aos artistas da casa (claro que não todos, mas...). Tenho um amigo (na casa dos 40) que é musico e produtor de música (acho que inventou o cavaquinho electrico!! lol), certo dia em concerto pelas terras da Galiza ele e a sua banda tocaram uma música do Zeca e foram aplaudidos de pé por toda a plateia. Ele ficou boquiaberto pois tal nunca tinha acontecido em Portugal...
    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Além de grande músico foi também um excelente homem, que saudade...
    Essa letra que marcou uma época continua a aplicar-se muito bem, infelizmente

    ResponderEliminar
  7. Não conhecia o grande músico, o bom de conhecer novos lugares é isto, conhecer, conhecer,conhecer. Obrigado pela dica.

    É a primeira vez de muitas vezes!!!

    Willam Duarte

    ResponderEliminar
  8. Os vampiros, talvez o poema mais forte das diversas canções de intervenção do Zeca. O uso das palavras tinha que ser cuidadoso nessa época, ou então as consequências eram inevitáveis. Era necessária a coragem, que uns tinham e outros não!
    Abraço do Zé

    ResponderEliminar
  9. C.Valente
    É sempre com emoção que recordo Zeca Afonso. Conheci-o pessoalmente e, apesar da grande diferença de idades, as suas lutas e as canções que todos trauteávamos eram a nossa esperança e a nossa bandeira.Porque Zeca não se vergava. Foi expulso do ensino, esteve preso e houve muitas alturas em que nem tinha para comer e dar de comer aos filhos. Porque não é fácil lutar contra os grandes interesses nem contra as ditaduras.
    Quanta falta sinto dele agora.
    Obrigada por este bocadinho, C.Valente

    ResponderEliminar
  10. A cantiga que ouvíamos em segredo, gira-discos em tom baixo, que até as paredes tinham ouvidos.

    Um abraço.
    Jorge G.

    ResponderEliminar
  11. Em Angola tb estava quando adquiri "Os vampiros", na altura ainda proibido .
    Lembro-me bem apesar de ser bastante jovem....

    bjgrande do Lago

    ResponderEliminar
  12. Meu caro Valente

    O protesto continua actual.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  13. Infelizmente não conhecia este grande nome. Agora acrecento-o.
    Grande abraço

    ResponderEliminar
  14. Bom día!!!, has hecho el servicio militar en Angola?, en Argentina se ha sacado, dado las muertes de los soldados (18 años) muertos en la Guerra de Malvinas y otros que los traían muertos y nunca se supo por qué. Beijos y abrazos.

    ResponderEliminar
  15. Existem pessoas simplesmente à frente do seu tempo e essas nunca morrem.

    Fica bem,
    Miguel

    ResponderEliminar
  16. um grande artista!

    bom fim de semana

    ResponderEliminar
  17. Amigo,

    Zeca Afonso eternamente lindo!

    :-) um abraço

    ResponderEliminar
  18. Zeca Afonso SEMPRE!

    Beijo amigo,

    Maria Faia

    ResponderEliminar
  19. Tenho um presentinho pra vc no meu blog, amigo.
    Grande abraço
    Bom domingo

    ResponderEliminar
  20. O Zeca sempreeeeeee!
    A Geração!
    Beijo

    ResponderEliminar