2012-08-30

Pirataria moderna

Frota de navios acosta ao cais das colunas
Bandeiras da pirataria hasteadas ao vento
Vendilhões de largo sorriso abrem as portas
O povo assiste incrédulo ao lapidar da nação

Galeão de muitos séculos sem rumo
Riqueza malbaratada para negociatas
Nortada transforma-se em lobo faminto
Desastre iminente, nada augura de bom

Nau conspurcada com ratos ao convés
Gentios que andaram por outros mares
Flibusteiros ardilosos sobem ao poder
Pirataria moderna despreza o trabalhador

Corsários submetidos ao poderio estrangeiro
Deturpam a lei em proveito próprio e terceiros
Em tratados ruinosos que empobrecem o país
Desbaratando todo um património que é nacional

Falsos estadistas dos tempos modernos
São na peleja, hábeis no manejar a palavra
Com tarimba da intriga, astúcia e trafulhice
Aptos no saque em impostos e bens alheios

Traficantes de influências pelo mundo navegam
Salões, gabinetes, recepções passeia a ludibriar
Tal pregador espalha promessas que não cumpre
Traça rotas, objectivo é o futuro em seu proveito

2012-08-23

Assim nasce uma verdadeira amizade

Acredito que na vida há momentos que podem definir uma pessoa, ou situações sem grandes alaridos, ou acções espectaculares, podendo surgir quando menos se espera.O inesperado pode dar origem a um qualquer sentimento dependendo de carácter de cada um, momentos que surgem o herói ou o cobarde, e que marcam o bem e o mal.

Por vezes são pequenos gestos ou palavras podem definir uma amizade, são os gestos ou palavras que se sente e não se explicam,

Há pessoas que são mais sensíveis e dão valor a coisas simples, sem serem elaboradas sem grande alarido, como um filme em que se aprecia uma cena simples mas verdadeira e não outra mais faustosa ou elaborada e nos pode sugerir falsidade ou menos real. Assim surge na vida situações e isso produz sentimentos que poderão não fazer sentido, mas a verdade é que podem perdurar como uma imagem de algo que gostamos

Como se pode sentir uma profunda amizade, sem grandes contactos, sem muitas conversas, mas não é relevante, o importante ficou registado, o flash está presente onde os pequenos gestos, acções ou palavras que marcam.

Na vida os pequenos gestos ou palavras podem definir a amizade, são os gestos ou palavras que se sente e não se explicam nem alteram

Como um homem não pode esquecer que em momentos de moral confusa, por uma saúde debilitada, na duvida se deveria ou não fazer a uma operação ao coração, se tinha o não fundo monetário para tal, somente a esperança do próprio e do seu médico operador que tudo iria correr da melhor forma, felizmente tal aconteceu.

O risco era grande a incógnita do desfeito, estava na s mãos de terceiros, e de um ser superior único que pode decidir do momento de vida ou morte de qualquer ser humano que acredita em Deus.

Esse homem ouviu muitas palavras de confronto, algumas palavras já feitas, em que não pondo em causa a sua honestidade ou sinceridade, seriam repetitivas sem o calor humano, sem o clic, que se transforma em força. Entre as banalidades de ocasião surgiu alguém, que se prontificou para ajudar, não sabendo os riscos que corria, não conhecendo até que ponto a sua oferta poderia ser retribuída ou paga, sem saber se as coisas corriam bem ou mal, se existia da parte do homem a possibilidade financeira de poder assumir ou honrar o compromisso do pagamento da possível divida.

São estes pequenos gestos que marcam e demonstram as coisas boas da vida, da amizade de que o homem com pessoa tem futuro.

O homem não aceitou a oferta, mas registou o momento que há-de perdurar por muitos e muitos anos. Passou o período crítico, mas o homem não esqueceu tal gesto e hoje nutre um profundo sentimento de amizade e reconhecimento por umas palavras simples mas verdadeiras.

Uma história com um final feliz e em como uma situação simples pode tomar grande importância. de um simples conhecimento se transforma em verdadeira amizade, sem muitas conversas e convívios, simplesmente.

2012-08-07

Pântano de águas lodosas

Na relva a pérfida serpente rasteja
Escolhe a vítima e injecta o veneno
O sistema nevrálgico é controlado
Só antídoto pode dominar a perfídia

Silêncio uma cobardia disfarçada
A passividade torna-se um crime
O esterco de porco não é alimento
Rebuçado de menta nunca é doce

Fedor como o vento se espalha no ar
Maior será o cheiro quanto a podridão
Nem vela acesa ou açúcar queimado
Só a pureza ventilada elimina o odor

Pântano de águas lodosas e estagnadas
Produz infaustos dissolutos em abundância
Entre perigos inegáveis, desgraça constatada
Floresce aqui a Flor de Lótus no seu esplendor


2012-08-04

Mais de dez mil guitarras

Mais de dez mil guitarras tocaram
Num amor imenso quente e terno
Dentro de nós o esplendor da vida
Seguir o trilhar sem olhar para trás,

Caminho de flores e de espinhos
Perfume inebriante esquece a dor
Asa flutuante nas nuvens deslumbra
Sons cintilam como pedras preciosas

Afrodisíaca é a paixão de quem ama
Um nascer de sol num dia sem fim
Inebriantes luzes, cores e cheiros
Palavras e gestos enriquecedores

Amor aprendiz tantos erros cometidos
Inocentes brincadeiras, alguns dissabores
Decisões tornadas, arrependimentos vistos
No encanto do romance tudo é perdoado.

Asas flutuantes nas nuvens deslumbram
Sons brilham como diamantes suspensos
Perfume embriagador entorpecimento da dor
Lugar tranquilo de encantos, virgem se perde

2012-08-03

Conturbados dias de hoje

Á deriva no mar de escombros
Naufrago no turbilhão da vida
Deprimido pelas circunstancias
Conturbados, são os dias de hoje

Tempos lembrados num triste retrato
Pecados passados maldição presente
O diabo sorri de promessas desfeitas,
Inventar palavras rapidamente esquecidas

Na teoria geral do empobrecimento
Métodos do liberalismo desenfreado
Governações desastrosas final triste
História de um Portugal assombrado

Gestores e administradores enchem a pança
Sem escrúpulos sacam ordenados milionários
Lugares ocupados por parasitas engravatados
Enquanto trabalhador esgravata mísero salário

Ao desempregado é dado migalhas como benesse
O pensionista sofre cortes nunca antes imaginados
Cidadão comum sente-se desprotegido e injustiçado
Pela política actualmente praticada vitima sente repulsa

2012-08-01

Triste lembrança

Não andar no sentido dos carros, produz em mim um efeito de lembrança que se transformou numa espécie de fobia.
Estávamos no ano de 1969, a cumprir o serviço militar obrigatório, tendo sido destacado (não fui dos que fugiu, da guerra, não imigrei cumpri o meu dever cívico. apesar de estar contra o governo da altura, como agora, a diferença de hoje é para pior, mais revolta contra mais injustiças só diz liberdade não chega, é uma falácia) mas continuamos, fui destacado para a s ditas províncias ultramarinas para uns, colónias para outros, encontrando-me em Luanda - Angola.
Ao final da tarde de um certo dia quente, saindo do aquartelamento de onde tinha sido destacado em rendição individual "AEA - Agrupamento de Engenharia de Angola", encontrei-me á porta do quartel com um amigo, daqueles de ocasião, em que cada vez que nos cruzamos nos cumprimentamos e continuamos quase uns desconhecidos, e que hoje tenho pena que nem fixei seu nome. Percorremos numa conversa banal como tantas outras, ao longo da Av. dos Quartéis, a quem se dirigia pata o centro ou para o cinema Alvalade, antigamente (hoje não sei se existe), o lado esquerdo era preenchido por quartéis, com um passeio de cimento , do lado direito era descampado com uma amostra de passeio em terra batida e de pó.
Um dos aborrecimentos e pouco justificáveis situações que levava o militar a ir no lado direito, deve-se ao facto de por tudo e por nada se fazer continência militar, uma saudação que só deveria ser feita, ou exigida, quando em conversações directas e de superiores directos com os quais tem contactos ou se está sobre comando directo, e não por mero cruzamento de pessoas que nem se conhecem nem se cumprimentam, a não ser numa continência sem sentido,
A situação anterior forçava a um certos constrangimentos, pois implicava quase cada passo, se cruzassem militares saídos de outros quartéis de patentes superiores a obrigatoriedade da mil e uma continência. Para evitar tal situação, alguns militares, preferiam caminhar no pó e terra, e que implicava também irem no sentido do trânsito, ou seja de costa para o mesmo.
Das poucas vezes que ia para o meu quarto alugado na zona da Maianga a pé, ia do lado esquerdo, pois era mais importante a comodidade e os sapatos sem pó, tornando-se mais confortável o caminhar.
Assim encontrava sempre alguém conhecido, mesmo de outros quartéis, e desenvolviam-se conversas diversas, e foi num desses dias que serve de referencia a esta narrativa,
Tinha saído do quartel, com esse meu conhecido, e íamos na conversa e o que ficou na minha memoria, pois me dizia “ falta-me muito pouco tempo para acabar a comissão, estive sempre aqui em Luanda e em breve regresso a casa, e tu parece que também vais ter sorte, estás num serviço bom e provavelmente também não tens que ir para o mato”, uma conversa simples como tantas mas que veio marcar.
Surge a triste historia, é que passados uns dias tive conhecimento de uma desgraça. O meu conhecido teve um trágico acidente, ia a andar junto á berma do passeio do lado direito, provavelmente por ser mais confortável e não sujar os sapatos, mas o que seria mais um regresso de fim do dia ao seu quarto, surgiu o imprevisto e inimaginável. Um “camion” GMC militar, que ia recolher a um desses quartéis, vindo no mesmo sentido, e pelo que foi apurado, encostou-se demasiado junto á berma do passeio, e para grande desgraça um gancho de amarração da carroçaria que estava demasiado aberto (saliente) apanhou a cabeça de o conhecido (seria ofensa chamar amigo pois faltaria a verdade, mas o facto é que hoje o retrato como amigo, tal a situação me afectou.
Foi o mesmo levado para o Hospital Militar Central, onde poucos dias depois veio a falecer, factos que só vim a saber uns dias mais tarde. e nem me pode ir despedir.
Uma vida estupidamente ceifada, em plena juventude sem nexo, situação que não me sai da memoria cada vez relembro quando mesmo que por acaso e em escassos minutos circulo no sentido do transi to ou vejo algum familiar ou amigo, acabo por contar a historia deste triste fim
Moral de uma historia verdadeira, CIRCULE SEMPRE DE FRENTE PARA O TRANSITO, NUNCA NO MESMO SENTIDO E DE COSTAS PARA ESTE